quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ciência é etcetera?


Nesses dias de pensar do que é feito um cientista social, vi que a lista é bem grande, acaba chegando ao famoso "et cetera", afinal a vida também é etcetera como já dizia o Guimarães Rosa.
De uns tempos prá cá, de tempos do “Jeito Capes de ser",  a polifilia - ou a afeição a muitos objetos, inclua-se aí os de estudo, foi banida para o território dos inimigos do saber.
É como se, de um dia a outro, o nosso laboratório nos bastasse ou, cada um no seu quadrado, ou ainda mais chique " chaque un peut regarde le midi à sa porte".
A dança do quadrado virou hit científico!
O pior é que, como as benesses acadêmicas são distribuídas em virtude da obediência cega a esses "novos" ditames, a política científica tem sido: manda que pode e obedece quem tem juízo!
E, de tudo que tenho visto, a ciência e sua reluzente produção tem se tornado cada vez menos etcetera.
Cadê o etcetera da extensão?
-Ah não isso não Qualis (fica) ninguém!
E o etcetera das indagações sociais dos boletins comunitários?
-Qual é o indexador?
E o etcetera da sociedade civil organizada?
E o etcetera da diversidade de olhares?
Transdisciplinaridade, que é um tremendo etcetera, enquadrou-se  na  prisão das ondas temáticas.
Estamos hoje sob o véu da mesmice, da falta de criatividade e dos indicadores que medem os nossos passos à nulle part, visto que abdicamos de nossas questões fundamentais.
“O que fizeste, sultão, de minha alegre menina?”

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